quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Rapaz.... o que é escrita?

Para Cagliari (2004) a escrita terá como objetivo primordial permitir o processo da leitura e essa por sua vez é a decodificação do que foi escrito pelo escritor, além de permitir a reconstrução da coerência construída por ele.


Segundo Kato (1987) a escrita é uma atividade de comunicação verbal e, como tal, passível de ser analisada sob o mesmo tratamento funcionalista dado aos estudos da fala, mas o fato é que a escrita está presente em todos os momentos de nossas vidas, quando andamos na rua, no metrô, no trem, no carro...

A existência de sociedades ágrafas está na história, hoje quase não conhecemos grupos de pessoas em que não exista um registro escrito da fala, uma codificação dos sons. Barré-de-Miniac (apud KOCK & ELIAS, 2009, p. 31) afirma que a escrita deixou de domínio de classes superiores, e a sua prática está generalizada tornando-se prática na vida pessoal, acadêmica, profissional e doméstica.

Sabemos que a motivação da escrita é a sua própria razão de ser e a sua decifração é apenas um aspecto mecânico para o funcionamento, ou seja, a leitura não pode ser apenas um ato de decifra, pois não agregaria os significados do texto. Sendo apenas um processo de decodificação, a leitura ignora os aspectos semânticos e pragmáticos, e por isso obriga o leitor a englobar todos os aspectos socioculturais e históricos em que o escritor se baseou quando produziu o texto.

Nessa concepção, Kock e Elias (2009), apresentam focos de interação da escrita. Primeiramente podemos associar uma concepção onde o importante na escrita é a própria língua o que ocasiona que o sujeito é predeterminado pelo sistema e passa a ser um simples produto da codificação da fala. Assim, para que haja escrita e leitura é necessário somente o conhecimento dos códigos utilizados, ou seja, o entendimento permanece na linearidade.

A segunda concepção apresentada pelas autoras é que a escrita estaria preocupada com o escritor, o sujeito psicológico, individual, dono e controlador de sua vontade e de suas ações. A escrita passaria a ser uma atividade na qual o produtor expressa seus pensamentos sem considerar as interações possíveis com o leitor.

E por fim a escrita permitira a interação texto-escritor-leitor, o que parece ser o mais razoável, na qual existe um processo interacional e dialógica entre o que escreve e o que ler tornando ambos em atores sociais, sujeitos ativos que constroem e são construídos pelo texto.

Aquele escreve, então, deve levar em consideração vários aspectos antes de iniciar a produção:

1. Conhecimento sobre os componentes que estarão presentes na situação comunicativa;

2. Trabalho sistêmico com as ideias para que tema em questão tenha continuidade; balanceamento das informações no texto

3. Revisão do que foi escrito.

O primeiro aspecto diz respeito à ativação do conhecimento do escritor para iniciar o processo de escrever, exigindo a interação com os componentes ortográficos, gramaticais e lexicais de sua língua que é adquirido durante as experiências e práticas comunicativas, além da as informações que possuímos acerca do mundo em nossa memória e supomos que tais dados são inerentes ao leitor também. Assim como o conhecimento de textos, modelos de práticas comunicativas sempre levando em conta a composição, conteúdo, estilo e função.

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